O transporte público entrou com o pé na porta na sala do debate público. Pode ser que a reforma política proposta pela presidente Dilma Rousseff ontem roube os holofotes. Mas é bom não esquecer como tudo começou.
Convenhamos, zerar a tarifa é uma ideia bonita e impossível de ser implementada nas atuais condições de temperatura e pressão. Creio no entanto que é possível implementar ações simples e baratas para ajudar a mobilidade urbana.
Fiz uma lista com nove tópicos. A maioria eu conheci na época em que trabalhava como repórter de cidades e pesquisava mais sobre o assunto. Para quem acompanha discussões de urbanismo, nada muito “uau, que inovador”. Mas acho importante listar aqui. Vai que algum gestor público lê e se inspira ou ajuda cidadãos de alguma cidade a ter reivindicações concretas diante de seu prefeito. Os dados tem um ar de metrópole paulista, mas com pequenas adaptações dá para implementar em qualquer cidade. Olha só:
1 – Ciclovias e ciclofaixas: A ciclofaixa de lazer é bacana. Pelo o que dá para ver nos finais de semana, a aprovação é massiva. Está na hora de as ciclovias e ciclofaixas também atenderem as viagens casa-trabalho-escola.
2 – Sistema público de empréstimo de bicicletas: Será que é muito impossível ter algo como o Velib de Paris? Acho as bikes dos bancos simpáticas, mas muito concentradas na região do Ibirapuera. Sem contar que os planos do Velib são a partir de 19 euros por ano (menos de R$ 60).
3 – Conexão da bicicleta com outros modais: São Paulo chegou a testar a colocação de suportes para carregar bicicletas nos ônibus. A ideia foi abandonada, não sei por quê. O Metrô também podia acabar com as restrições de horário para o embarque com bicicleta.
4 – Subsídios cruzados: É, estou falando do polêmico pedágio urbano. Além de tirar os carros das ruas, o dinheiro arrecadado poderia bancar parte das tarifas de ônibus e metrô. Inspeção veicular, como vivo insistindo, também pode ajudar.
5 – Incentivo para carona: Faixas preferenciais em vias arteriais para automóveis que carregam duas ou mais pessoas. Incentivo oficial a sites que unam pessoas com a mesma rota e em horários similares – se não me engano na USP tem/tinha algo assim.
6 – Coletivos alternativos: Em Santiago existem os táxis coletivos, que funcionam como lotação. Fazem rotas fixas. A prefeitura tem planos de regularizar os fretados, o que é ótimo.
7 – Bilhete eletrônico para o uso de toda a estrutura transporte público e com preço atrativo para quem usa em média duas conduções em dias de semana: Sei que a prefeitura de São Paulo tem planos de fazer o Bilhete Único Mensal, mas os dois pontos sublinhados são importantes.
8 – Espaço para ultrapassagem nas faixas exclusivas de ônibus: “Ah, mas vai tirar espaço dos carros”. Sim. Azar.
9 – Catraca fora: com a cobrança do bilhete antes da entrada no ônibus, o povo entra mais rápido e os bumbas ganham velocidade. Dá para ir implementando aos poucos, nas principais linhas primeiro.
Claro que além desses nove pitacos tem os básicos: modernização da CPTM, ampliação do Metrô, etc. Mas acho que esses nove pontos poderiam dar uma ajuda boa.